O Otacílio


Olá, eu sou o Otacílio! Você sabe o que o meu nome significa? Significa “o que escuta”, em latim, aquela língua bem antiga… Sou um aparelho auditivo e ajudo as pessoas a escutarem melhor. Você sabe o que é aparelho auditivo? É uma “maquininha” para ser colocada na orelha e fazer o que o ouvido, que fica lá dentro, não está conseguindo fazer direito: escutar.

o otacilioQuando a gente não enxerga direitinho, a gente usa óculos, não é? E é tão legal, além de ver tudo com clareza, os óculos ajudam até a ficar na moda, com vários tipos de lentes e armações coloridas. Quando nossos dentes não estão no lugar certo, a gente usa aparelho ortodôntico. E também é jóia saber que logo, logo os dentes vão ficar certinhos. Enquanto isso, é charmoso e divertido um sorriso metálico.

Quero ajudar todo mundo a escutar melhor. Quero ser um amigo sempre por perto, grudadinho em você! E também posso estar na moda como os óculos, porque tenho roupas, que chamo de moldes, de várias cores, uma mais alegre que a outra.

Quero contar também um pouco sobre minha família. O Dimaz Restivo foi quem me desenhou, me deu esta forma aqui. Ele é praticamente meu “pai”. E tenho, então, praticamente duas mães: a Ana Maria Torres e a Raquel Munhoz, que me criaram. As minhas histórias são escritas por muitos “tios” e “tias”. A Cláudia Cotes foi quem escreveu sobre mim no colégio, no livro “Otacílio Vai à Escola”.

Gosto de estudar, fazer amigos, ouvir música… que emoção! Vou escutar seus amigos, sua família e o seu coração!”

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Raquel Munhoz

Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica – Núcleo de Audiologia

Reabilitação Auditiva na Infância


Indicação e Seleção de Prótese Auditiva


Diagnosticada a perda auditiva, nem sempre o uso de medicamentos ou cirurgia são indicados. A prótese auditiva é um dos recursos mais eficientes no processo de reabilitação, nesses casos. A prótese auditiva tem a função de ajudar as pessoas com perda auditiva a ouvirem melhor. Quando selecionada e adaptada adequadamente, a prótese proporcionará ao usuário uma grande melhora na audição e em sua qualidade de vida.

Treinamento Auditivo Pós Adaptação

O acompanhamento contínuo e adequado nos primeiros meses após a adaptação da prótese auditiva é necessário. O treinamento auditivo promove e favorece a utilização de meios e estratégias, que resgatam as habilidades auditivas do indivíduo para melhorar a sua comunicação e percepção dos sons ambientais, além de maximizar os efeitos concedidos pela prótese auditiva.

Terapia do Processamento Auditivo

A re(habilitação) do indivíduo com desordem do processamento auditivo é baseada nas necessidades individuais de cada paciente. A intervenção direta, por meio da terapia fonoaudiológica e treinamento auditivo, associada ao uso de estratégias compensatórias, tais como pistas visuais, contextuais e linguísticas, garante o acesso à informação sonora com mais facilidade.

Raquel Munhoz

Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica – Núcleo de Audiologia

Emissões Otoacústicas (Teste da Orelhinha)
O método mais eficaz de Triagem Auditiva é a pesquisa das Emissões Otoacústicas (EOA), que deve ser realizada em todo recém-nascido. É um exame objetivo, rápido e não invasivo, com a função de detectar a presença ou não da perda auditiva.

PEATE – Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (BERA)
O PEATE é um método importante e objetivo para verificar o funcionamento e integridade das vias auditivas. Auxilia no diagnóstico da perda auditiva, assim como fornece dados importantes para o processo de adaptação de prótese auditiva e para a reabilitação do bebê com perda auditiva. Pode ser realizado em qualquer idade, desde recém-nascidos até idosos.

Avaliação Audiológica Comportamental
A avaliação audiológica comportamental é complementar aos exames objetivos (EOA e PEATE). Consiste na observação das respostas e reações da criança a estímulos acústicos com instrumentos musicais, em situação controlada. É de grande auxílio para o diagnóstico, especialmente com crianças de até 3 anos de idade.

Avaliação Audiológica
O sistema auditivo periférico pode ser avaliado por meio da Avaliação Audiológica Básica, a partir dos 3 anos de vida. São testes realizados em cabina acústica, por meio do audiômetro e imitanciômetro devidamente calibrados. Essa avaliação irá detectar a existência ou não de perda auditiva, além do tipo e do grau da alteração.

Avaliação do Processamento Auditivo
Existem alterações auditivas que não estão relacionadas com a perda de audição. São falhas na habilidade de processar os sons. Processamento auditivo diz respeito a uma série de processos envolvidos na detecção, análise e interpretação dos sons. Pode-se dizer, então, que processamento auditivo é “aquil o que fazemos com o que ouvimos”. A avaliação do processamento auditivo é multidisciplinar, podendo ser indicada por diversos profissionais como: médico pediatra, médico otorrinolaringologista, médico neuropediatra, médico neurologista, fonoaudiólogos, professores, pedagogos, psicólogos, entre outros.

O exame é realizado pelo fonoaudiólogo.

Conheça os principais Sinais e Sintomas da Perda Auditiva na Infância:

• Dificuldade de localizar os sons;
• Maior dificuldade para ouvir em ambientes com ruído e/ou eco;
• Dificuldade em ouvir ao telefone;
• Necessidade de ouvir TV e rádio mais alto do que as outras pessoas;
• Necessidade de pedir para as pessoas repetirem e falarem mais alto;
• Nas conversas, as palavras soam abafadas;
• Dificuldade de acompanhar conversas em grupo;
• Dificuldade em compreender a comunicação social.

Sinais e Sintomas da Desordem do Processamento Auditivo


• Necessidade de ser chamado várias vezes (“parece” não escutar);
• Necessidade de repetições, fala muito “Hã?” ou “o quê?”;
• Trocas na fala (/l/, /r/, /s/, /ch/);
• Ansiedade e estresse na escuta;
• Dificuldade em organizar pensamentos;
• Dificuldade em compreender a fala no ruído;
• Desatenção/distração;
• Agitação ou demasiadamente quieto;
• Dificuldade em lembrar informações auditivas;
• Dificuldade na escrita e/ou leitura;
• Baixo desempenho escolar;
• Dificuldade em entender expressões de duplo sentido ou piadas.

Observando alguns desses sinais e sintomas, é necessário buscar profissionais especializados para realizar as avaliações adequadas.

Avaliar a audição de uma criança envolve um trabalho especializado que exige, tanto o conhecimento do desenvolvimento normal, quanto das técnicas existentes para cada caso e faixa etária.

Recém nascido: respostas reflexas (acordar do sono, choro, piscar os olhos);
2 semanas: atenção à voz humana;
4 semanas: as respostas reflexas estão reduzidas e permanece quieto com um som;
8 semanas: fase do balbucio, para quando escuta a voz humana;

4 meses: procura o som;
6 meses: respostas de localização desenvolvidas;
8 meses: responde ao seu nome e começa a desenvolver a compreensão;
9 meses: associa o som ao objeto;

1 ano: respostas a ordens simples como dar “tchau”, “cadê a mamãe”…
1 ano e 6 meses: reconhece e aponta partes do corpo;
1 ano e 9 meses: pega objetos familiares quando nomeados;
2 anos: aponta para figuras conhecidas, emite primeiras palavras (mamãe, papai, “tchau”);

Após os 4 anos: fala corretamente sem trocar as letras.

Quando o desenvolvimento auditivo não ocorre adequadamente, é possível observar alguns sinais que podem ser condizentes com uma perda auditiva ou com uma desordem no processamento auditivo.

A audição é o principal elo de ligação entre o ser humano e o meio ambiente. Para que a comunicação seja possível, precisamos inicialmente ouvir e compreender para, então, elaborarmos uma resposta e expressá-la por meio da linguagem.

Aprender e manter a linguagem falada requer, dentre outras coisas, uma perfeita audição, especialmente nos primeiros anos de vida. A privação sensorial auditiva acarreta muitos problemas na comunicação e tem graves consequências na vida da criança, do jovem, do adulto, do idoso e de seus familiares, podendo afetar a vida social, emocional e familiar da pessoa que se vê desligada do mundo sonoro. Problemas como dificuldades na fala, na aprendizagem e até mesmo profissionais devido à quebra da comunicação, podem gerar isolamento parcial ou quase total do indivíduo.

Os primeiros anos de vida representam a fase mais importante do desenvolvimento do bebê. Qualquer alteração auditiva deve ser diagnosticada antes dos 3 meses de vida. Quanto mais cedo for feita a intervenção, com métodos terapêuticos e recursos adequados, maiores as possibilidades de reabilitação.

É importante que os pais e os profissionais estejam atentos ao desenvolvimento auditivo das crianças, e, na presença de qualquer alteração, procurem o médico otorrinolaringologista ou o fonoaudiólogo.

A audição inicia-se após o 5º mês de gestação e desenvolve-se intensamente durante os primeiros anos de vida, sendo que a maturação das habilidades auditivas (atenção, localização, reconhecimento de sons, figura fundo, memória, compreensão) ocorre até os 12 anos.

A detecção precoce da perda e/ou deficiência auditiva pode mudar muitos destinos, especialmente quando é imediatamente sucedida pela adaptação do aparelho. O Núcleo de Audiologia preocupa-se com o encaminhamento aos exames complementares necessários, oferece avaliação comportamental e consultoria para auxiliar a família e a criança na rápida intervenção e na eficácia da reabilitação.

Uma das formas primárias de tratamento da perda auditiva é a seleção e adaptação da prótese auditiva, a qual fornecerá ao indivíduo justamente a possibilidade de receber estimulação auditiva pela amplificação sonora que provê.

Quando existe a suspeita de qualquer tipo de dificuldade auditiva, a conduta indicada é a procura de um médico otorrinolaringologista e de um fonoaudiólogo, que realizarão a avaliação clínica e audiológica completas. A decisão pelo uso de medicamentos, indicação cirúrgica ou uso de prótese auditiva, dependerá do tipo e causa do problema.

É importante que o otorrinolaringologista oriente o paciente sobre papel do fonoaudiólogo nos diferentes aspectos da (re) habilitação – seleção e adaptação da prótese, treinamento auditivo, orientações quanto à audição, orientações quanto à prótese, avaliações periódicas da audição, leitura orofacial e terapia da fala – e transmita essas informações ao paciente e familiares. Desta forma, evitará que a maioria dos indivíduos continue acreditando que sua capacidade de comunicação está diretamente relacionada apenas ao desempenho da prótese auditiva (Campos, Russo, & Almeida, 2003).

Em caso de indicação para o uso da prótese auditiva o fonoaudiólogo deverá intervir precocemente na sua indicação, adaptação para o processo de reabilitação audiológica.

A prótese auditiva não restaurará a audição aos níveis de normalidade, porém se selecionada e adaptada adequadamente, proporcionará ao usuário uma grande ajuda na audição, viabilizando uma melhor comunicação. A amplificação oferecida pela prótese auditiva não se restringe aos sinais de fala, mas inclui também os sons ambientais, os sinais de perigo (como alarmes contra incêndios) e de alerta (campainhas de porta ou telefone), bem como sons que melhoram a qualidade de vida do indivíduo (música, canto dos pássaros e outros). Além disso, é o instrumento utilizado para facilitar a educação e o desenvolvimento psicossocial e intelectual do deficiente auditivo.

Estudos mais recentes comprovam que, com a amplificação oferecida pela prótese auditiva, a memória dos sons da fala fica preservada, impedindo que com o passar dos anos a dificuldade em reconhecê-los aumente ainda mais pela privação sensorial.

Uma boa adaptação à prótese auditiva requer, portanto, um atendimento fonoaudiológico especializado, que envolva desde a escolha da prótese adequada ao usuário, o seu teste em experiência domiciliar assistida com as regulagens e ajustes adequados, os exames para verificação da efetividade da amplificação, um bom acompanhamento longitudinal do usuário, incluindo sessões de aconselhamento e treinamento auditivo.

É muito importante também que o portador da deficiência auditiva aceite que tem a necessidade de usar a prótese auditiva e seja bem orientado quanto às suas vantagens e limitações, propondo-se a realizar o teste para que possa saber os benefícios reais que a prótese proporcionará em sua vida diária.

Os resultados dependerão do tipo e grau da perda auditiva de cada um, sendo também influenciados pela idade do usuário, pelo tempo de existência do problema, da motivação do paciente e empenho familiar.

O paciente deficiente auditivo perde, quase sempre, a capacidade de separar os ruídos de fundo dos sons de fala, o que dificulta ainda mais sua adaptação.

Atualmente, as próteses auditivas mais modernas possuem recursos que o ajudam neste aspecto, onde os sons que se concentram na área da fala podem ser enfatizados em detrimento dos sons que compõe o ruído. Os avanços tecnológicos dos aparelhos digitais permitem que o usuário tenha muitos benefícios na conversação, nos diferentes ambientes do seu cotidiano. proporcionando melhor discriminação auditiva, menor desconforto em ambiente ruidoso, através de recursos como redutores de ruído, múltiplos microfones e ênfase para fala.

Todo indivíduo portador de deficiência auditiva deve ser entendido e respeitado, recebendo um atendimento qualificado, ético e que lhe permita ser incluído de forma participativa dentro da comunidade. Só assim teremos certeza de estarmos todos cumprindo nosso papel na existência humana.

Raquel Munhoz

Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica – Núcleo de Audiologia